quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Nonna


Não te quero perder!
Sou ególatra, sou!
Mas não te quero perder!
Não quero deixar cada pedaço de vida que me deste
E sei que se findas a vou esquecer.
Não me deixes!
Não destruas a figura que criaste!
Não me deixes ainda!
Luta, ainda que a tua consciência não te permita
Saber pelo que estás a lutar!
Fica comigo!
Não agora, mas para sempre!
Alimenta o meu egoísmo,
Alimenta-te dele se precisares,
Não padecerás mais do que sustentarei se me deixares.
Não morras nunca!
Não vás!
Não me deixes!

Ressentimento


Odeio-te tanto quanto odeio odiar-te!
Odeio-te porque não amas a vida,
Ou o que ela te deu, ainda que pareça tão pouco.
Odeio-te porque recusas a minha ajuda
E não me deixas amparar-te.
Odeio-te por cada marca de passado
Que massacra o teu presente.
Odeio-te mais porque te adivinho o futuro.
Odeio-te porque não posso estar no teu lugar
Para minimizar a tua dor.
Odeio-te porque nunca fiz nada para que não chegasses aqui
Odeio-te porque te pertenço
E não consigo para de me odiar!