segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Culpa

O espaço tornou-se silencioso e pesado
Rescendia a enfermidade, a culpa e o fracasso.
Olhava à minha volta e pensava na forma como me fazes sentir,
Não suporto a dor de te odiar como te odeio,
Não suporto o que fazes à pessoa que eu criei.
Somos tão diferentes que nos encontramos
Na infinidade dessa diferença.
Devias ser a minha base,
Devias guiar-me e suportar-me,
No entanto és o exemplo do que não quero ser.
Distanciei-me de ti, mas sinto-te
Com toda a intensidade que me é permitida,
Massacrada pela imagem de como te deixei.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Poema (in)feliz


Perguntam porque não escrevo um poema feliz
Alheios ao que a felicidade representa,
Entendendo a subjectividade de cada palavra
Com o peso das suas próprias vivências.
A felicidade não está no que eu escrevo
Mas no que vocês lêem,
Não parte de mim está inerente ao que são.
Leiam-me com o que têm de melhor,
Há verdades que é preferível não saber
Porque nos tornam pessoas piores.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Indulgência

Poderia chamar-lhe tormento
Mas é mal que não soa…
Quem sabe o meu pensamento
Na boca de outra pessoa!
Premente como uma certeza
Reside na própria dúvida,
Nasceu porque alguém criou
Morreu porque outrem esqueceu.
Dói; dói; sana; sana,
Cura; cura; destrói; destrói.
Em todo lado, à tua volta
Despronuncia o que corrói.

Mais Natal

É dia 24,
Toda a gente está agitada
Que presentes me faltam?
É quase hora da consoada!
Nas ruas podemos ver um correrio infernal
O que se passa com as pessoas?
Mataram o Natal!
Falta o presente da tia
O da Inês quase perdia
Mas que grande correria
Isto está tudo mal!
Então e o tal Jesus?
Esse ficou lá na cruz,
Hoje é trivial,
O que se passa com as pessoas?
Mataram o Natal!
É hora da sobremesa
Saíram todos da mesa,
Centraram-se nos presentes
Agora sim estão contentes
Interessa o que é material!
-"O importante é a alegria!"
Gritam todos com euforia
Mas ninguém tem consciência,
Eles mataram o Natal!

sábado, 19 de dezembro de 2009

Fazes-me falta!



Fazes-me falta!
Sempre que estás ao meu lado
E te tornas inalcançável
Sempre que apanho os pedaços
Do que tornara inquebrável.
Fazes-me falta!
De todas as vezes que se impõe a razão
Procurando só mais um motivo
Que, convenientemente,
Justifique o que não foi a melhor opção.
Faço-te falta!
Porque me torno dispensável.
Porque me permito o acordo
Na inconcordância
Porque te tolero,
Assumindo a tua intolerância.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Outorga



Desamarra-me,deixa-me soltar
Porque não tens forma de me prender,
Permite-me que relembre uma dor que conheço
Para que não tenha de me defender.
Descontextualiza!Preciso fazer sentido,
Não questiones, não quero pensar.
Deixa que a minha voz te oriente,
Mostra-me o que és, não precisas mudar!
Desamarra-me, deixa-me soltar
Porque não tens forma de me prender,
Agita o meu círculo,
Faz-me tremer!

Reconhecimento

Não só porque é Natal
Mas por todas as alturas em que me ampararam,
Não só porque é Natal
Mas porque me gritam sempre que preciso que se imponha a razão,
Não só porque é Natal
Mas porque limparam as lágrimas que não devia chorar,
Não só porque é Natal
Mas porque dançam e cantam para me mimar,
Não só porque é Natal
Mas porque estão comigo sempre,
Porque se tornaram indispensáveis na minha vida,
Porque tenho por vocês um sentimento indizível!

domingo, 6 de dezembro de 2009

IMPERFEITO


Deixem-me ser !
Com todas as intervenções,
Incapazes de perceber as minhas resoluções.
Permitam-me partir quando quero ficar
Deixem-me rir precisando chorar!
Atendam ao grito como superação
Racionalizem para que não perca a razão.