sábado, 6 de fevereiro de 2010

(In) diferença

Quem te deu o direito, Homem, de julgar
O próximo, o seguinte e todos os outros,
Porque não são como tu?
Quem te outorgou o poder da supremacia,
Indicando o autêntico, o falhado, o vulgar e o estranho, o supino e o aquém?
Quem te crês para deter a razão,
Pronunciando a regra e o desvio como se apenas se pudessem delinear?
Como lidas com a mesquinhez de alguém que não sabe apenas aceitar, respeitando, mesmo não entendendo,
A mesma que te é inerente?
Por que ousas ser protótipo e exemplo se não entendes a desigualdade?

Descontrolo

Não somos mais do que máquinas de pensar!
Cogitando e concebendo,
Provendo mágoas e tumultos obscuros
Contestando a existência e o lugar que ocupamos
Num seio que em menos de nada se desconstrói.
Progressivamente eleva-se a opressão e o desalento,
Impelidos por um pensamento que nem advimos a perceber,
Importamo-nos em direccionar o que, momentaneamente, estabilize,
Permitindo alguma ordem.
Como num ímpeto desapareceu,
Não falamos, não ouvimos, não pensamos,
                                                      Sentimos a mais absoluta e deleitosa exaustão.