segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Inquestionando

Misteriosamente conheço-me ao conhecer-te
Exalando-me num céu que pertence a cada pessoa,
Debatendo o que me constitui e do que sou constituída,
Descobrindo se é possível caber em alguém.
O meu corpo dormente deixa de fazer parte de mim
Destransforma-se na matéria que no final não me concebe,
Pois o que não sinto não me pode pertencer
Ou talvez vá pertencendo ao que me é permitido sentir.
Somos o que vivemos, e vivemos em conformidade com o que somos,
Perspectivando as imagens que problematizam o sonho,
Não profiras o seu significado,
Não segredes assolando o meu mistério.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Engano



Duvida que alguma sensação ultrapasse a de sentir que tudo o que era certo 
Deixa de ter sentido,
Fazendo com que nos anulemos e assumamos toda a culpa,
Quando somos meras vitimas de decisões.
Um dia, por alguma razão desconhecida, percebemos o que era tão evidente e que nós,
Com uma ingenuidade consciente, conseguíamos disfarçar.
Entendemos que abdicamos daquilo que nos fazia felizes
E optámos pelos que tornaram os amigos tão indispensáveis…
Parecem-nos certas todas as opções,
Vivemos intensamente sem a menor possibilidade de arrependimento,
Até que tudo é posto em causa.
O que nos fez tomar todas as resoluções faz-nos arrepender de cada uma delas,
Mostra-se como o que nunca quisemos ver.
E apesar de querermos apagar, deixou a marca mais profunda.
Não nos mata, mas corrói-nos,
Alimenta-se de cada poro do nosso corpo,
Torna-nos mais fracos…
E depende apenas de cada um de nós não permitir que nos destrua.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Mutismo

Quero ouvir-te silêncio!
Com a paz que embalas o meu sono,
Não carregado com o peso da perda
Não sufocado pela dor da culpa
Não esmagado pela presença indesejada
Não oprimido pela voz desleal
Não acomodado pelo medo de destruir
Não camuflando o desejo de partir.
Por tudo que nem sempre posso dizer
deixa-me ouvir te!